Patrick Modiano está "muito feliz"
"Telefonei a Modiano para o felicitar e, com a sua modéstia habitual, ele disse: 'é bizarro' [receber o Nobel], mas ele está muito feliz", disse Antoine Gallimard, presidente das Éditions Gallimard, casa editora do escritor.
"É uma profunda surpresa para nós e um dia maravilhoso", disse por seu turno Gallimard, citado pela agência France Presse. "Ao receber o telefonema da Academia Sueca, dois ou três minutos antes do anúncio oficial, pensei em Modiano e na sua discrição lendária, quando ele for discursar perante a Academia Sueca. E eu estarei atrás de si [de Modiano]", acrescentou.
Antoine Gallimard pensou "que seria preciso esperar mais 30 anos, para que um outro autor francês recebesse o Nobel, depois de [Jean-Marie] Le Clézio", que foi distinguido em 2008.
Estava igualmente convencido de que a Academia Sueca privilegiasse percursos literários "que abordassem épocas e acontecimentos" históricos. "Desta feita, porém, escolheram uma obra que é intimista e misteriosa".
O Comité Nobel da Academia Sueca, numa curta declaração, afirmou: "Através da arte da memória, [Modiano] evocou os mais inapreensíveis destinos da Humanidade".
Em 2011, o escritor foi distinguido com o Prémio Marguerite Duras, pelo conjunto da sua obra, e tinha já recebido o Grande Prémio de Romance da Academia Francesa, em 1972, assim como o Prémio Goncourt, em 1978, pela obra "A Rua das Lojas Escuras", editado em 1987 em Portugal, pela Relógio d'Água.
Em 1996, recebeu o Grande Prémio Nacional das Letras de França, num tributo pela totalidade da sua obra, que se manteve assinalada por uma fundação autobiográfica ou acontecimentos decorridos durante a ocupação alemã.
Patrick Modiano é o 15.º autor francês distinguido com o Nobel da Literatura, depois de escritores como Claude Simon (1985), Jean-Paul Sartre (1964), Saint-John Pearse (1960), Albert Camus (1957), François Mauriac (1952), Andre Gide (1947) ou Roger Martin du Gard (1937).
Henri Bergson (1927), Anatole France (1921), Romain Rolland (1915), Frédéric Mistral (1904) e Sully Prudhomme (1901) são outros distinguidos de língua francesa, assim como o escritor chinês contestatário Gao Xingjian, distinguido em 2000, que obteve a nacionalidade francesa depois de se refugiar em Paris, em 1988.
O galardão será entregue numa cerimónia em Estocolmo, a 10 de dezembro, na qual estará presente o rei da Suécia Carlos XVI.